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sábado, 20 de novembro de 2010

Primeira Fonte

A TEORIA DA HIERARQUIA EM SALA-DE-AULA

Por Ana Laura Diniz

A educação tradicional prega: aluno de um lado, professor de outro. Como água e óleo, ambos até coexistem, mas jamais se misturam. E cria-se aí, um fosso de relacionamento. Mas será que a prática atual é mesmo essa? “Hoje, a ultra-democratização de tudo, criou um gap de respeito irreversível. A aura de ‘professor’ se esvaiu. Pode ser retrógrado, mas respeito é bom e se perdeu. O mestre sabe mais. O discípulo pode saber diferente, mas ainda não percorreu o caminho do mestre. E todos nós ainda precisamos de mestres. Não interessa de quem é o poder, interessa o poder que o saber confere”, afirma a tradutora Elaine Pereira, 44 anos, de São Paulo, capital.

Vera Guimarães, 68 anos, de Brasília/DF, corrobora e acrescenta: “tenho saudade do fosso”. Claudia Lyra, 42 anos, de Resende/RJ, bacharel em Direito e funcionária pública, lembra que hierarquia, em priscas eras, se chamava respeito a autoridades escolares. “Esse respeito anda muito raro, o que traz prejuízo para todos os envolvidos. Se pudesse, cavaria um fosso mais fundo e largo para ver se as pessoas se emendam”.
Jorge Fernandes: "O professor ideal
é aquele que ouve o aluno"


SALA-DE-AULA - Para Jorge Luiz Silva Fernandes, 23 anos, estudante de Pedagogia da Faculdade Victor Hugo, em São Lourenço/MG, o distanciamento entre professor e aluno prejudica o aprendizado. “As coisas só funcionam a partir do momento em que há interação entre elas -, e não existe interação sem consentimento”, diz. “O professor ideal seria aquele que não absorve o problema do aluno nem a realidade dele, mas que tente ao máximo ouvi-lo”, acrescenta.

Dos sete professores em seu terceiro semestre na faculdade, segundo Fernandes, dois apenas promovem essa interação. “Como conseqüência, a aula torna-se produtiva, o assunto flui. Do contrário, fica extremamente chata, pois ou o tema não se desenvolve ou se desenvolve, não estimula o aluno à pesquisa, ao desenrolar da matéria, ao desejo de se trabalhar dentro daquela área, seja ela qual for.”

Caio Penha: "A hierarquização é coisa
do passado"
No entanto, nem todos nutrem o mesmo sentimento. O estudante Caio Luiz Carvalho Penha, aluno do 2º ano do Centro Educacional Genny Gomes, em Caxambu/MG, garante que não existe mais a hierarquização em sala-de-aula. “Isso é coisa do passado, pois a realidade social e a própria concepção dos jovens hoje em dia, favorece para a construção de um ambiente de troca. Claro, que respeitando o universo acadêmico e intelectual de cada um. Respeitando essa premissa, há espaço para perguntar, para aprender, sem que nos sintamos inferiores.”

INTERNET – O estudante ainda crê que a tecnologia, a tamanha amplitude dos meios de comunicação e a informação, faz com que os alunos sintam-se suficientemente preparados para obter conhecimento não da principal fonte – que é o professor – mas da Internet, que serve de complemento ao ensino. “Hoje o google é também uma espécie de professor. O wikipedia, dentro desse universo, seria um professor bem mediano, uma vez que qualquer pessoa pode alterar o seu conteúdo e, muitas vezes, de forma errada. Parece loucura, não é?”, questiona enquanto sorri. “Ou seja, é preciso cuidado para lidar com esse tipo de professor, mas eu diria que todos esses artefatos cibernéticos abrem espaço e quebram aquela antiga realidade de que o professor é detentor do saber imparcial e universal. É fato que o professor detém o conhecimento numa escala muito maior que a do aluno, mas se o aluno tiver acesso ao cronograma da matéria estudada, pode pesquisá-la com facilidade e, por conseguinte, questionar e perguntar ao professor de igual para igual – lapidando o seu conhecimento”, finaliza Penha.
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