AVANT SUPERMERCADO - CAXAMBU

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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Caxambu e a Crise de identidade


Caxambu e a crise de identidade

            Conversando com amigos em uma noite dessas, fiquei com uma dúvida que me perseguiu até o presente momento e não sei se vai ser esclarecida tão cedo. “Afinal, Caxambu é uma cidade turística ou de poucos exploradores do turista?”.             Eu preferia que a cidade fosse “turística”, pois desta forma, o turista seria uma fonte de renda, um ser a ser explorado no bom sentido da palavra, para gerar rendas ao município e ao caxambuense. Seria maravilhoso se fosse assim, mas não sei se é assim que as coisas são. As questões aqui levantadas não são fruto de uma ou outra administração, mas sim de muitos eventos que se arrastaram através dos tempos.
                Em primeiro lugar, a venda da imagem de nossa cidade que tem muito a oferecer, deveria ser bem articulada, mas o que vemos, são turistas que vêm por indicação de amigos e pelo nome criado pela cidade nos tempos dourados. Ao chegarem na nossa cidade, são acolhidos pela rede hoteleira, ou melhor dizendo recolhidos e muitas vezes satisfeitos aos limites dos seus hotéis, do parque das águas e suas proximidades. Isso é muito pouco para alimentar a economia de uma cidade com mais de 20 mil habitantes.
                Quanto ao turismo, levanto algumas questões: (as mesmas que poderiam ser levantadas em outros carnavais).
1-      De quem é a responsabilidade sobre a manutenção da imagem da cidade? Do poder público e sua secretaria de turismo ou das instituições privadas que lucram com o turismo?
2-      O que é feito para divulgar a imagem da cidade nos grandes centros, foco de nossos interesses?
3-      Qual a magia de cidades como Monte Verde para atrair turistas que deixaram a cidade com a maior diversidade de fontes de água mineral para trás na concorrência?
4-      A topografia da nossa região, assim como as matas, rios e cachoeiras não poderiam ser trabalhadas para o turismo jovem?
5-      Se não atendemos os interesses do jovem turista hoje, o que esperamos para o futuro?
6-      O comércio e a população de Caxambu realmente sabem atender o turista, cientes sobre nossa história e pontos turísticos para orientar?
7-      Se o despreparo dos atendentes e da população caxambuense é constatado e considerável, quais as medidas que cabem para sanar o problema?
Um fato a ser observado é que o caxambuense perde muito em prol de um turismo que atende muito aquém do necessário para o sustento da cidade. Nós ficamos escondidos atrás da bandeira turística e não é incentivada a vinda de indústrias para nossa cidade. Temos opção de indústrias não poluentes que geram empregos e mantêm a cidade limpa como a têxtil e alimentícia, mas não observamos nesse sentido. Poderia haver uma corrente de mobilização e subsídios para a geração de empregos na criação de um parque industrial compatível com o tamanho da cidade e em busca do seu desenvolvimento. Qual o interesse da pouca oferta de emprego e muita mão de obra no mercado, apenas o baixo custo do operário ou algo além? Infelizmente, não podemos dizer que hoje temos empresas que empregam mais que um supermercado e com isso é evidente que nossa economia vive sufocada.
Outro fato a ser destacado é a forma que o caxambuense é podado de sua diversão para que seja mantida a ordem pública, se assim podemos dizer. A crítica nesse ponto é alicerçada pela necessidade de uma boa qualidade de vida ao caxambuense. A rigidez da lei do silêncio não nos permite eventos como o bem frequentado forró na praça de Baependi e prejudica a abertura de danceterias na cidade. Pois vemos que a aglomeração popular na cidade não é bem vista ao seguir da madrugada.
Antigamente os hotéis sustentavam danceterias e eram, pelo visto, uma boa opção. A idade não me permitiu frequentá-las, mas são lembradas com um grande carinho. Isso me faz pensar que elas então não eram um problema para o turismo, pois os hotéis não dariam o popular “tiro no pé”.
Apontando o futuro, inclusive com a vinda da universidade, podemos esperar uma mudança considerável do perfil caxambuense e uma pergunta que ecoa no ar é “até quando a apatia noturna caxambuense vai?”. Até quando para não desagradar uma população de veraneio, o caxambuense vai continuar perdendo sua qualidade de vida, seja pela falta de emprego, seja pela falta de opções de diversão?
Caxambu não pode se esconder eternamente debaixo da bandeira de cidade turística e precisa cuidar melhor do seu mais precioso bem que é o caxambuense. Claro que não podemos nos esquecer do turista, devemos inclusive trabalhar melhor para receber mais e com maior qualidade. Mas nunca podemos esquecer que devemos ao caxambuense maiores oportunidades de emprego, entretenimento e cultura, pois assim teremos uma qualidade de vida sempre melhor.
Apoio Caxambu para o caxambuense, o turista bem atendido e turismo de verdade, exploração de outras formas de emprego e mais opções de lazer ao povo de nossa cidade. Devemos mirar o futuro aprendendo com os erros do passado e exemplos vizinhos. Como Poços de Caldas que administra turismo e indústria ou cidades que com muito menos riquezas naturais trabalham melhor o seu patrimônio e também Ouro Preto que tem uma vida jovem ativa impulsionada pela universidade e segue firme e forte com o turismo histórico.


Cristian Lima de Castro