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quarta-feira, 29 de julho de 2015

CRENÇAS, MITOS & VERDADES: UM MERGULHO AO INCONSCIENTE.
by José Celestino Teixeira

“Penso, logo Existo.” (René Descartes).
Embora se atribua ao francês Descardes esta frase, para muitos tem origem no pensamento Grego de Aristóteles.



“Apesar de ter se tornado célebre, a frase "Cogito ergo sum" nunca foi dita por Descartes. Na época, quando foi feita a tradução para o francês, foi incluída a palavra 'ergo' no texto cartesiano. Esse vocábulo não é coerente com a filosofia de Descartes na medida em que não faz sentido uma relação de conclusão entre as duas noções 'Pensar' e 'Existir'. Quando o filosofo enuncia o argumento do Cogito, ele necessita que estas duas ideias sejam concebidas juntamente para formar o fundamento mais evidente e verdadeiro da filosofia cartesiana. Caso utilizasse a palavra 'logo', Descartes teria de assumir previamente o Silogismo aristotélico, o que não era o objetivo do filosofo.”
A dúvida pode ser, inclusive, objeto de questionamento em prova de vestibular.
Fiquem atentos, pois, na verdade é atribuída a René Descardes e, não a Aristóteles, embora ele provavelmente seja seu verdadeiro dono.
Já na Grécia Antiga, a filosofia tinha no pensamento humano a chave da existência.
Embora se soubesse por óbvio da existência de um Mundo Exterior, a Existência Humana se concretizava com o Pensamento.
Sem que tivesse capacidade de pensar, na lógica de Aristóteles, não haveria Existência.
Na Grécia, o Monte Olimpo era a morada dos Deuses.
Gregos eram politeístas (acreditavam em vários Deuses) e seus Deuses, apesar de serem imortais, possuíam características, comportamentos e atitudes semelhantes aos seres humanos. Maldade, bondade, egoísmo, fraqueza, força, vingança e outras características estavam presentes nos deuses.
Zeus era a Divindade Suprema do Panteão Grego.
Para cada área especifica havia um Deus. Cada divindade representava as forças da natureza ou sentimentos humanos. Poseidon, por exemplo, era o representante dos mares e Afrodite a deusa da beleza corporal e do amor.
Interessante que os Deuses se relacionavam com os humanos e, até tinham filhos com estes. Os filhos dos Deuses eram os Heróis.
Ao invadirem a Grécia, a princípio os Romanos (culturalmente inferiores aos Gregos) apossaram-se do Panteão Grego roubando-lhes o poder das divindades e, apenas trocando-lhes os nomes.
Mais tarde, no Oriente os Judeus difundiram a crença Monoteísta, um Único Deus.
Monoteísmo é a crença em um Deus singular, em contraste com o politeísmo, a crença em várias divindades.
A Bíblia no Velho Testamento reafirma a crença em um Deus Único. A principal fonte do monoteísmo no mundo ocidental moderno é a narrativa da Bíblia Hebraica, a escritura de judaísmo. Abraão é o primeiro dos Patriarcas bíblicos e fundador do monoteísmo dos hebreus.
Curioso saber que no Brasil as Religiões de Matriz Africana expressam crença ao Politeísmo.
Tanto no Candomblé, como na Umbanda as divindades são chamadas de orixás (palavra de origem ioruba que significa divindade) e, estas crenças fazem parte da cultura brasileira, com seu significado místico e simbólico, suas festas, comidas e cores.

A Bahia é o nosso Panteão Grego (orun).
“Cada orixá tem sua história, sua personalidade e domina um aspecto da realidade. Como nós, os orixás têm sentimentos: amam, sofrem, ficam tristes, alegres ou com raiva. Assim como foi na Grécia Antiga, os orixás estão ligados às forças da natureza, como a água, o ar, a terra e o fogo. Em equilíbrio, essas forças movem nosso destino. O espaço habitado pelos orixás chama-se orum e o mundo dos homens chama-se aiê. O grande pai responsável pela criação de todas as coisas é Olorum.”
O Judaísmo tem forte influencia na Matriz Religiosa Cristã. Não só no Catolicismo, assim como no Protestantismo e, num desvio desse formado pelos Cultos Pentecostais.
Interessante a perseguição que se faz, hoje, no Brasil às religiões de Matriz Africana.

A imprensa recentemente noticiou a agressão (a pedradas) a uma menina que trajava vestes de culto africano.
Fruto da intolerância religiosa, que já não respeita imagens cultuadas pelos Católicos. Não faz muito tempo o registro de quebra de uma Imagem da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida destruída e ofendida em cenas de programa televisivo e, ainda na própria basílica.

Interessante registrar que se para Marx, a Religião era o Ópio do Povo, para o psicanalista Jung, a pratica religiosa auxiliava no processo de cura.
Muito embora, hoje se tem afirmado que “Cura” é relativa.
Muitos não se curam são incuráveis.
Uma vez que a psicanálise ao analisar e identificar o centro das neuroses e psicoses do 
indivíduo contribui para desconstruir sua personalidade.
Só é curado quem quer ser curado.
Se apesar dos inconvenientes minha doença (?), ainda que inconscientemente contribuí para a estrutura de minha personalidade prefiro não ser curado.
Se sou um pintor (de quadros), com todos os benefícios e status(artista) que me rendem a profissão deixar de sê-lo, ao me submeter a uma análise, ainda que está possa me tranquilizar prefiro continuar sendo Pintor, que me curar.
Interessante observar que neste campo da cura, quando acredito que um simples chá é capaz de me curar de dores estomacais e creio fielmente nisto inicia-se em mim um processo interior de cura.
Realmente eu posso ser curado com um simples Chá!
A Fé remove Montanhas.
Aqui está a arma oculta nas mãos de muitos Pastores que profetizam no Rádio e na TV a cura sagrada.
Basto acreditar que a água fluidificada ao receber a bênção é instrumento de cura eu estarei curado.
Daí à crença aos amuletos de sorte e proteção é um pulo.
Há um espaço enorme entre a fé e a verdade.
O Padre, o Pastor e o Pai de Santo atuam no mesmo campo das atividades do médico, do psicólogo e do psicanalista.
No fundo realizam sessões de psicanálise que envolve seus fiéis.
Não foi em vão que historicamente se reconheceu na figura carismática de Jesus, o Médico da Alma.
Para Jung, o confessionário cristão é o divã do crente.
Embora, em suas análises Jung tenha modificado a sua posição frente ao paciente eliminando o próprio divã adotado na terapia freudiana.
Jung encurtou a distância entre o Psicanalista e o Paciente.
Contudo, Freud, o pai da psicanálise sempre combateu a obsessão cristã ao Pecado.
Para Freud, o Pecado nunca Existiu.

Embora de origem semita, o Austríaco Freud durante muito tempo manteve relações de amizade e de cunho profissional com Jung, um Suíço de origem Evangélica.
Em determinado momento da construção da Teoria Freudiana, Jung foi admitido como “Filho”, seguidor e propagador da boa nova.
A Teoria Freudiana baseia-se fundamentalmente na crença da libido, na sexualidade infantil como chave de todos os problemas, em especial da esquizofrenia.
A Libido é a energia que impulsiona o ser e a psique, e que estabelece o movimento de formação destas relações. A Libido não é somente uma energia sexual, mas muito mais que isso, a libido também é formadora do pensamento.

O Complexo de Édipo é a Pedra Angular da terapia freudiana.
Enquanto Jung era filho de um Pastor da Igreja Evangélica Suíça e a mãe de personalidade doentia (esquisita), Freud era Judeu.
Como tal, provavelmente a cerimônia da circuncisão lhe tenha deixado marcas profundas no inconsciente.
Portanto, a inspiração para a concretização da presença da sexualidade na obra de Freud, talvez tenha recorrência no passado.
Aqui uma tese, não uma verdade absoluta.
“A Circuncisão, exérese do prepúcio, peritomia ou postectomia é uma operação cirúrgica que consiste na remoção do prepúcio, prega cutânea que recobre a glande do pênis. Essa remoção é praticada há mais de 5 mil anos. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% dos homens no mundo são circuncidados (algo em torno de 665 milhões de homens), a maioria por motivos religiosos, uma vez que 68% deles são muçulmanos.”
Vê-se, que embora de cunho religioso a circuncisão tem caráter profilático.
E como erroneamente se acredita a circuncisão não é pratica religiosa exclusiva do povo judeu.
Mulçumanos, também a praticam.

“No Antigo Israel, a circuncisão tinha de ser realizada no 8.º dia do nascimento. Tem o sentido de um sinal da aliança entre Deus e Abraão e seus descendentes e de um rito de inserção no povo eleito. Deus terá tornado obrigatória a prática da circuncisão masculina para Abraão, um ano antes de nascer Isaque. Todos os homens da casa de Abraão, tanto seus descendentes como dependentes, estavam incluídos, e todos os escravos receberam em si este «sinal do pacto», com o qual entregavam a Deus a sua aliança de carne (anel prepucial), mostrando a reciprocidade deste ato de fé no corpo (Levítico).”.

Vejamos que no Catolicismo há uma curiosa atividade religiosa que nos remete ao passado historico religioso. Vejam que Ordens Religiosas Femininas elegem as mulheres como “Esposas de Jesus”. Elas fazem juramento (pacto) de castidade e, quando noviças são prometidas a Jesus, sendo na ordenação reconhecidas como “Esposas” que recebem aliança (símbolo do pacto nupcial) e juram fidelidade.
Uma Novela Global do horário das 18 horas vem abordando na TV, o tema e a vida no Convento, embora de maneira insípida, mas ilustrativa.
Vale à pena assistir!
Portanto, a Sexualidade ainda que reprimida ou marcada como pecado, nos cultos religiosos existe viva e referenciada.
Só prática do Batismo é que redime o Cristão da mancha do “Pecado Original”.
Ao saber da Árvore do Conhecimento e experimentar o seu Fruto, o Homem foi expulso do Paraíso Divino.
Depois da criação do homem feito de barro, Deus submete-o a um sono profundo (magnético) e retirando-lhe uma das costelas cria a Mulher.
Contudo, não menos verdade é que a Mulher foi quem deu à luz ao Homem.
A Mulher foi quem Pariu o Homem!
Ela é a mãe.

Sejam hebreus ou muçulmanos, indianos ou japoneses, na antiguidade a Mulher sempre foi considerada a Negra do Mundo.
Woman Is The Nigger Of The World (John Lennon).



Ao longo do tempo subjugada ao Poder Supremo Masculino.
Mirem-se no Exemplo daquelas Mulheres de Atenas (Athenas).
Da canção do Chico:
“Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas..”
Para a psicanálise freudiana o Amor entre Adão e Eva foi um Amor Edipiano.
Embora Freud fosse admitido pelo próprio Jung, como o seu Grande Pai, não menos verdade é que em certo momento da evolução psicanalítica, o Filho revolta-se contra o Pai Criador.
Natural de ocorrer, não anormal na vida cotidiana.
Romperam relações de amizade e doutrinaria.
A distinção fundamental entre Freud e Jung reside resumidamente:
Teoria Freudiana: O Ontem e o “de onde” (origem).
Teoria Junguiana: O Amanhã e o “para onde” (futuro).
Freud, o Pai. Precursor das ideias psicanalíticas fundadas na Sexualidade Infantil.
Em certo ponto de vista há o reconhecimento científico de que a Teoria da Sexualidade Infantil seja indispensável ao conhecimento da psique humana.
J

ung, o Filho Rebelde. “Criador da psicologia analítica e reconhecido como um dos sábios do século. Deixou significativas contribuições científicas para o estudo e compreensão da alma humana. Sua obra reflete profundo interesse pelas questões espirituais, enquanto fenômenos psíquicos.”
Dois gigantes da Alma!


*Texto pesquisa em fontes de consultas literárias (obra Carl gustav Jung – Uma Biografia – Autor: Frank Maclynn – Editora Record – 1998) e Internet (Wikipédia – Enciclopédia Livre na Net).


NE: Ilustração: A Criação de Adão. Afresco de Michelangelo - Capela Sistina.
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cria%C3%A7%C3%A3o_de_Ad%C3%A3o